Ao nos formarmos percebemos que para se aproximar da vida autêntica precisamos nos diferenciar, precisamos ver a conduta convencional e negá-la, e o erro estaria se o processo terminasse aí. Com a negação temos o primeiro passo, o da revolta, que nasce do questionamento de inquietações no âmago de cada um. O passo da negação é importante porque dele temos a ruptura de padrões que existiam sem ao menos se ter noção.
(...continuação)
Mas acontece que muitos param por aí e se satisfazem com a mera ruptura, que quebra com as regras mas não com as estruturas que as sustentam. A partir daí deve se começar um jogo dialético entre a negação e a afirmação dessas regras e assim desmontar a estrutura que é a das convenções sociais. A procura da vida autêntica reside na busca da síntese entre o primeiro estágio e o segundo (o da ruptura), em que o individuo procurará transcender os aspectos convencionais.
Portanto ser autêntico não é identificar-se com ser diferente, mas como superação da convenção. Talvez tudo isso parta da ideia de Contrato Social de Jean-Jacques Rousseau mas principalmente se considerado em um nível mais intimo também. A ideia de convenção neste caso lida com um certo "consenso" social. Um ponto em que atinge-se alguma satisfação e o questionamento desaparece.
As pessoas não mais se perguntam por que cumprimentam de tal forma, por que dizem tal coisa ou por que fazem as coisas do jeito que fazem. A partir daí como contrato social, vemos um "acordo" implícito para seguí-lo. É um consenso geral para que perpetuemos certas formas de se agir, que por consequência inibe o questionamento.
Aspectos pontuais como por exemplo, na escolha da aparência, gostos de entretenimento e linhas ideologicas podem ser dadas como formas de se procurar negar a convenção que normalmente reside nessas caracteristicas nos demais. Mas se não se aprofundar, a negação fica por ela mesma, e sem pensar forma-se uma nova convenção.
Assim a autenticidade verdadeira passa por essas formas individuais pela negação para superá-la, transcendê-la. Desta forma aquele que antes dizia "Sim", e depois "Não", baseado no 'consenso social', agora diz "Depende", porque se solta das amarras convencionais não havendo um aspecto determinante mas uma racionalização nas escolhas a partir de então.
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