12.7.13

Da necessidade da autocrítica

texto por Thiago Consiglio

Os tempos de indignação que foram impulsionados pelo aumento das tarifas dos ônibus culminaram no momento atual dos protestos que acontecem por todo o Brasil. Em Sorocaba especificamente, percebe-se muita ligação com os acontecimentos nacionais mas ao mesmo tempo temos características que são únicas da cidade.

Quando a tarifa dos ônibus aumentou, no dia 5 de junho de 2013, houve a primeira movimentação social que protestava contra esse decreto. Desde então, as novas manifestações foram tomando um novo corpo que levam em conta a criação da frente ampla constituída de partidários, movimentos sociais, estudantis e independentes, sob a bandeira da mobilidade urbana no ContraCatraca.

19.7.12

Por que o Mescla não deu certo?

A pergunta inicial certamente não é a do título justamente por ter o fim implícito, mas sim “por que parou?”. Seguem a esse questionamento muitos outros de diferentes naturezas que cabem uma exposição pormenorizada, mas sem garantia de que haverá respostas.
O passo a passo parece bem simples: uma cidade com potencial e capital cultural elevado, uma juventude comprometida com produções artísticas e culturais, uma inquietação pela falta de espaço. Logo pensamos em uma ferramenta viável que possibilitava um exercício de coletivo, não uma solução heroica ou salvadora para nos vangloriarmos e preencher-nos de orgulho e estima.

27.9.11

A escada que não existe



Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
- Oswald de Andrade

Nos últimos tempos, a ala conservadora encontra-se mal das pernas. Não possui teóricos fortes, e não sabe como criticar de maneira construtiva os inúmeros pensadores contemporâneos de esquerda. Levada às últimas baseia-se nos piores argumentos – argumentos podres, infantis e ofensivos – para desmoralizar e destruir textos que não conseguem produzir, pois percebem que sua base teórica está velha, e começa a cheirar mal. Dentro destes argumentos, um tem sido mais latente, o da importância gramatical para uma produção textual de qualidade.

Não é raro, ao entrar em blogues de personalidades como Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi – colunistas da revista Veja – ver críticas a figuras como Emir Sader, de importância acadêmica incontestável, baseadas no “mau” uso do português. Há artigos onde o escracham destrinchando o texto para uma análise gramatical, sem nem levar em conta o conteúdo do texto. Para mim, uma ferramenta elitista e porca digna de Olavo de Carvalho – que por sinal faz a mesma coisa.

14.7.11

Por uma democratização dos meios


Os meios de comunicação que de formas embrionárias já serviram como propaganda política na Revolução Francesa, depois começaram a se tornar 'independentes' e seguir linhas jornalísticas. Acontece que como instituição o novo meio de comunicação contemporâneo por mais que tenha uma proposta jornalística de cunho social ainda está preso ao Capital e seus interesses que o controlam, colocando em questão os fatores "independência" e liberdade de expressão.

Isso leva aos meios de comunicação de então, surgirem como novas instituições nas relações de poder da sociedade e que justamente pela relação com o capital acabam representando ideologicamente uma classe dominante, assim, prejudicando a liberdade de expressão em geral.

8.7.11

O pássaro enforcado dentro da gaiola


A questão que falarei, é fruto de uma experiência pessoal – mas que outras pessoas também relataram – e, portanto não deve ser vista como uma abordagem geral. A tal questão é o pedantismo na universidade, que aparece principalmente em “calouros” fruto provável de uma mentalidade de Ensino Médio burguês, que assola e rompe com todo o pensamento da livre produção – não tecnocrata - e solidariedade do conhecimento. Para facilitar a discussão, vou expor o que entendo sobre o significado do conceito “pedante”.

Pedantismo seria o ato de demonstrar, de maneira arrogante e pretenciosa, o conhecimento apoderado e utilizá-lo como um escarro na face dos que por diversos motivos não obtém tal erudição. É muito claro que tal visão corrobora com o sistema no qual vivemos, impondo uma individualização, comercialização e segregação.

14.6.11

Um manifesto sobre o que já é



Já não posso, e assim digo a todos; que não podemos almejar “o que já é”. Talvez, o meu espanto seja com a mistura de alvoroços tomados de entusiasmos plasmáticos, soberbos às relevâncias complexas do progresso e seus excessos.

Como ponto de partida:
O que já é deve ser repensado para o novo, sobre o que jamais deixará de ser, não por ser novo mas por ser vital.
O que já é antes continha-se em projeções que definidas por batalhas, dispostas e concisas através das formas, visavam uma dimensão de realidade regada pela conquista da livre e circulante composição da linguagem e agir do homens em seu ser social.
O que já é se compõe pelas imagens, que se sobrepõem ao orgânico, sem pedir licença, gritando para que os olhos se abram.

2.6.11

O definhamento do desejo

texto por Thiago Consiglio
Comumente a ideia que vem quando se fala em desejo é ligada ao consumismo capitalista, tão evocado como um dos males desse sistema. Nessa crítica, um dos apontamentos é o de que o produto – objeto do desejo capitalista – quase ganha vida própria e de que o consumo deste está ligado com a satisfação plena de felicidade. 

Mas antes deste desejo existe uma “vontade” anterior que deve ser investigada, não sendo necessariamente capitalista, nem influenciada pelos meios de comunicação de massa ou os aparelhos ideológicos da sociedade. A vontade neste caso pode ser por exemplo, tanto em praticar um esporte, em comer algo diferente, sobre algum produto comercial ou até em desejar alguém próximo. 

30.5.11

A morte da potencialidade


As vezes nos deparamos com escolhas na vida que por seu peso ficamos por um breve momento cientes de suas consequências verdadeiras. Não as consequências mais causais, que enxergamos por exemplo em um corpo empurrando outro, ou imediatas ao que é visto e analisado. Desta forma pouco sofremos quando afirmamos uma escolha, já que assim, negamos todas as possíveis demais alternativas.

A decisão por caminhar por esse específico caminho e não este nem aquele, que poderiam acabar no mesmo destino, carrega uma 'tristeza' pela qual temos que passar. Talvez essa tristeza seja minimamente percebida porque temos que confrontá-la cotidianamente. Mas acontece que a percebemos de fato em alguns pontos cruciais em que a escolha envolve uma renúncia e isto causa dor.

21.2.11

A diferença nos diferentes


Em contextos tão caóticos como o nosso, fica difícil falar sobre diversas coisas que se dizem superadas principalmente no âmbito da política. Mas parece que as atenções mesmo se voltando ao individual acabam tratando de relações sociais que também são políticas. E um conceito se destaca sendo tão íntimo e ao mesmo tempo social, é o de procura de vida autêntica, a procura de ser sincero e verdadeiro.

Ao nos formarmos percebemos que para se aproximar da vida autêntica precisamos nos diferenciar, precisamos ver a conduta convencional e negá-la, e o erro estaria se o processo terminasse aí. Com a negação temos o primeiro passo, o da revolta, que nasce do questionamento de inquietações no âmago de cada um. O passo da negação é importante porque dele temos a ruptura de padrões que existiam sem ao menos se ter noção.