14.7.11

Por uma democratização dos meios


Os meios de comunicação que de formas embrionárias já serviram como propaganda política na Revolução Francesa, depois começaram a se tornar 'independentes' e seguir linhas jornalísticas. Acontece que como instituição o novo meio de comunicação contemporâneo por mais que tenha uma proposta jornalística de cunho social ainda está preso ao Capital e seus interesses que o controlam, colocando em questão os fatores "independência" e liberdade de expressão.

Isso leva aos meios de comunicação de então, surgirem como novas instituições nas relações de poder da sociedade e que justamente pela relação com o capital acabam representando ideologicamente uma classe dominante, assim, prejudicando a liberdade de expressão em geral.


E pensando no contexto, não pode ser deixado de lado o que lembra Ladislau Dowbor em seu artigo A economia criativa "no século passado a luta era por quem controlava as máquinas, os chamados meios de produção. Hoje, é por quem controla o acesso ao conhecimento."¹

A mudança de paradigma deve ser observada e a partir dai traçamos uma análise. Com a internet, os blogs por exemplo, aparentam ser um novo cenário para a exploração da liberdade de expressão em seu extremo e a internet pode virar um "lugar sem leis".

Mas é sem leis no sentido de a internet sem restrições - ainda - que vai criar condições de uma nova forma verdadeiramente libertária e assim todos terão possibilidade de expressar sem depender dos meios convencionais.

Poucos também enxergam que as ferramentas existem e dependem dos agentes para que sejam bem ou mal usadas. Este caso também valeria aos meios de comunicação convencionais mas estes tem uma relação estrita e de dependência com o capital como comentado anteriormente, então as próprias possibilidades destes meios ficam limitadas, mas não impossíveis de mudar, e sim de dificuldade alta.

No caso das novas relações que surgem com a internet somos obrigados a lidar com possibilidades maiores. É uma questão que existe e que todos vão precisar tomar uma posição, se devemos partir para a vanguarda de um movimento e procurar democratizar os meios, ou se continuaremos a financiar as expressões que compramos e reproduzem algo que torna-se ultrapassado ou ausente de sentido.

A organização Wikileaks por exemplo colocou em cheque algumas destas visões e com a proposta de democratizar a informação ganhou grande respeitabilidade. Obviamente foi má vista pelos governos em geral que não concordam com o acesso irrestrito das informações, algo que seria virtuoso de uma organização mesmo que jornalística². E assim percebemos que o Wikileaks nos faz rever alguns conceitos.

Em conjunto com essas estruturas também temos as licenças de propriedade intelectual (de vanguarda), Creative Commons, que entrou em debate novamente no Brasil, no governo Dilma com o Ministério da Cultura tomando posições diferentes da administração anterior que tinha um posicionamento à favor.

Podemos voltar às bases do governo democrático e perceber que a discussão da licença aberta como a Creative Commons é imprescindível para discutir as relações atuais. Procurando democratizar os meios vamos chegar à essas licenças e a internet servirá como potencializador.

Mas não precisamos pensar só em questões sérias, a própria obra de arte pode agora ter sua forma de atingir as pessoas. Os meios conseguindo atingir características democráticas não conseguirão fazer sozinhos o trabalho e a classe artística como historicamente tem a tendência, deverá participar da vanguarda desta discussão. O que nos faz voltar novamente à discussão da pasta do Ministério da Cultura.

Assim enxergamos que uma discussão que pode estar sendo deixada de lado tem na verdade sua alta relevância nos debates contemporâneos. Precisamos buscar ser agentes ativos e utilizarmos das formas para repensar atitudes e não deixar que falem por nós como que se nós tivessemos elegido para nos representar. Vamos pegar pela mão a representação e conscientemente fazê-la transcender os limites que se tornam ultrapassados.
 

¹ DOWBOR, Ladislau. A economia criativa. Le Monde Diplomatique Brasil. São Paulo. número 47. p.15,  junho de 2011
² O jornalismo pode como "representante da sociedade" e quarto poder, atuar vigilante ao governo e assim questioná-lo e exigir as respostas para torná-las públicas

Um comentário:

Yuri Werner disse...

http://www.youtube.com/watch?v=PvmfOaZ34Pk