O
passo a passo parece bem simples: uma cidade com potencial e capital
cultural elevado, uma juventude comprometida com produções
artísticas e culturais, uma inquietação pela falta de espaço. Logo
pensamos em uma ferramenta viável que possibilitava um exercício de
coletivo, não uma solução heroica ou salvadora para nos
vangloriarmos e preencher-nos de orgulho e estima.
O
argumento do espaço democrático virtual foi posto em prática pelo
blog, onde sua ideia se resume em poucas linhas: um espaço virtual
para promover a produção artística e intelectual da juventude
sorocabana (inicialmente) abrindo um campo para as discussões em
diferentes âmbitos. O manifesto expresso na Apresentação do blog
sempre foi o corpo principal do nosso ideário desde as primeiras
conversas até a última postagem.
Não
esperamos um novo tratado de Estética ou a explicação profunda do
Transcendental em Kant, mas sim considerações contemporâneas sobre
pensamentos e situações cotidianos onde todos possam intervir
participar, comunicar-se e aprender. Traços do tão dito Anarquismo.
Queremos sinceramente uma construção e esse texto surge de uma
inquietação e não de uma cobrança.
Sinceramente
podemos fechar o blog porque não dependemos de uma manutenção
física e não temos o direito de exigir algo das outras pessoas. Mas
cabe saber onde se encontra e o porquê não vemos o material dessa
juventude que lê, pensa, escreve, pinta, canta, dança, fotografa,
esculpe etc.
Com o
propósito do blog, também procuramos ter também um caráter de
incentivadores da atividade cultural de qualquer um. Como um
potencial escondido que cada um carrega mas que não quer lidar ou
não vê propósito em compartilhar.
E
então a internet aparece como contexto que vai unir a cultura
particular, com a divulgação através da rede. A interação entre
quem faz e quem quer que os outros vejam, sejam próximos
geograficamente ou não.
Mas e
por que ainda assim não houve uma procura efetiva de utilização do
espaço democrático do blog? Um questionamento que surge, é que a
procura possa acompanhar o padrão das divulgações culturais que
acontecem em caráter de sociedade física, que é a visibilidade, a
resposta imediata que um público existente vá gerar.
Talvez
não tenhamos tanto prestígio quanto outros coletivos dessa cidade
(Sorocaba) – mais ainda por não sermos um coletivo, mas uma dupla
de anônimos. Ou cometemos erros graves inomináveis que nunca
saberemos quais.
Creio
que todos que conhecemos possuem um acesso frequente na internet e
outros tantos estão em universidades públicas. Seria o jogo de
violência entre críticos de qualquer coisa e timidez que
atrapalharia o desenvolvimento dessas pessoas – o que realmente
desencoraja mas que nos fez aprender muitos pontos antes
desapercebidos - , ou seria, um pouco além, quer dizer, a constante
preocupação de manter os padrões de distinção e segregação
(“artistas x não artistas”; “filósofos x não filósofos”;
“cultura mainstream x
contra cultura”)?
Afirmar
algo nesse momento de anomia é impossível, portanto nos contentamos
com um singelo pedido e uma vontade de conhecer os múltiplos
pensamentos existentes em nossa cidade.
Será
ainda possível fazer a máquina funcionar; respirar mais um pouco;
dar créditos à utopia e a diferença de pensamentos? Esperamos
sinceramente que sim.
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