19.7.12

Por que o Mescla não deu certo?

A pergunta inicial certamente não é a do título justamente por ter o fim implícito, mas sim “por que parou?”. Seguem a esse questionamento muitos outros de diferentes naturezas que cabem uma exposição pormenorizada, mas sem garantia de que haverá respostas.
O passo a passo parece bem simples: uma cidade com potencial e capital cultural elevado, uma juventude comprometida com produções artísticas e culturais, uma inquietação pela falta de espaço. Logo pensamos em uma ferramenta viável que possibilitava um exercício de coletivo, não uma solução heroica ou salvadora para nos vangloriarmos e preencher-nos de orgulho e estima.

O argumento do espaço democrático virtual foi posto em prática pelo blog, onde sua ideia se resume em poucas linhas: um espaço virtual para promover a produção artística e intelectual da juventude sorocabana (inicialmente) abrindo um campo para as discussões em diferentes âmbitos. O manifesto expresso na Apresentação do blog sempre foi o corpo principal do nosso ideário desde as primeiras conversas até a última postagem.
Não esperamos um novo tratado de Estética ou a explicação profunda do Transcendental em Kant, mas sim considerações contemporâneas sobre pensamentos e situações cotidianos onde todos possam intervir participar, comunicar-se e aprender. Traços do tão dito Anarquismo. Queremos sinceramente uma construção e esse texto surge de uma inquietação e não de uma cobrança.
Sinceramente podemos fechar o blog porque não dependemos de uma manutenção física e não temos o direito de exigir algo das outras pessoas. Mas cabe saber onde se encontra e o porquê não vemos o material dessa juventude que lê, pensa, escreve, pinta, canta, dança, fotografa, esculpe etc.
Com o propósito do blog, também procuramos ter também um caráter de incentivadores da atividade cultural de qualquer um. Como um potencial escondido que cada um carrega mas que não quer lidar ou não vê propósito em compartilhar.
E então a internet aparece como contexto que vai unir a cultura particular, com a divulgação através da rede. A interação entre quem faz e quem quer que os outros vejam, sejam próximos geograficamente ou não.
Mas e por que ainda assim não houve uma procura efetiva de utilização do espaço democrático do blog? Um questionamento que surge, é que a procura possa acompanhar o padrão das divulgações culturais que acontecem em caráter de sociedade física, que é a visibilidade, a resposta imediata que um público existente vá gerar.
Talvez não tenhamos tanto prestígio quanto outros coletivos dessa cidade (Sorocaba) – mais ainda por não sermos um coletivo, mas uma dupla de anônimos. Ou cometemos erros graves inomináveis que nunca saberemos quais.
Creio que todos que conhecemos possuem um acesso frequente na internet e outros tantos estão em universidades públicas. Seria o jogo de violência entre críticos de qualquer coisa e timidez que atrapalharia o desenvolvimento dessas pessoas – o que realmente desencoraja mas que nos fez aprender muitos pontos antes desapercebidos - , ou seria, um pouco além, quer dizer, a constante preocupação de manter os padrões de distinção e segregação (“artistas x não artistas”; “filósofos x não filósofos”; “cultura mainstream x contra cultura”)?
Afirmar algo nesse momento de anomia é impossível, portanto nos contentamos com um singelo pedido e uma vontade de conhecer os múltiplos pensamentos existentes em nossa cidade.
Será ainda possível fazer a máquina funcionar; respirar mais um pouco; dar créditos à utopia e a diferença de pensamentos? Esperamos sinceramente que sim.

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